[Artigo] – A Igreja Orante, Missionária e Samaritana de Maceió no pastoreio de Dom Antônio Muniz Fernandes

A Igreja de Maceió, leia-se Arquidiocese de Maceió, tem um rosto: orante, missionário e samaritano. Por sua vez, este rosto está muito impregnado nas ações do povo de Deus que a compõe em seus variados ministérios e carismas, graças às inspirações do profícuo pastoreio de Dom Antônio Muniz Fernandes, da Ordem do Carmo, que recentemente concluiu sua missão à frente desta circunscrição eclesiástica, sendo arcebispo metropolitano ao longo de mais de 17 anos.

É interessante perceber que a Igreja orante, missionária e samaritana é, de certa forma, a essência do ser Igreja, mas que ao longo desses dezessete anos de governo pastoral de Dom Antônio Muniz estas expressões foram sendo compreendidas e assumidas por todos os arquidiocesanos como um grande projeto de ação evangelizadora.

No que diz respeito ao aspecto orante, a Arquidiocese de Maceió tem demonstrado ser uma comunidade daqueles que são convocados a estar, constantemente, em diálogo com o Deus Trino, mediante a oração pessoal ou comunitária. Evidentemente, ao longo do pastoreio de Dom Antônio Muniz as paróquias despertaram nos fiéis a consciência da necessidade da oração, principalmente na vivência litúrgico-sacramental e no contato assíduo com a Palavra de Deus, que manifesta a eficácia deste diálogo. “A Ele falamos, quando rezamos; a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos”. (Santo Ambrósio). Quase sempre nas reuniões do Clero ele recordava um trecho da Sagrada Escritura ou da vida dos santos.

Faz-se memória de que o arcebispo emérito apresentou fortemente o aspecto de uma Igreja orante por ocasião da bênção de inauguração do Carmelo de Santa Terezinha, em Riacho Doce, quando disse: “Este Carmelo fica localizado no alto de uma serra, de onde se contempla a cidade de Maceió, pois daqui parte uma Igreja que tem a sua primazia na oração. Todos os dias as irmãs carmelitas estarão intercedendo pela Igreja de Maceió, e venhamos sempre ao Carmelo a fim de subirmos a montanha para rezar – deixando de lado o barulho da cidade –, aqui encontrar-se com o Senhor e daqui voltar fortalecido para a missão”. Com isso, o Carmelo se tornou um local de oração, retiros, Via-Sacra do Clero durante a Semana Santa, etc.

Dentre outros momentos fortes do aspecto orante se destaca a dinamização que o então arcebispo deu à Festa de Nossa Senhora dos Prazeres, que passou a ser uma festa com perfil arquidiocesano, com mais missas e a participação maciça de padres e fiéis da capital e do interior, ao longo de todo o Novenário; a criação do Santuário da Divina Misericórdia São João Paulo II e Santa Dulce dos Pobres; a elevação à Santuário Arquidiocesano Virgem dos Pobres, em Mangabeiras; o Encontro de Pentecostes que já tinha uma grande dimensão e que passou a ser abraçado por todas as expressões de movimentos e pastorais da Arquidiocese.

Ainda em se tratando do aspecto orante, porém com um olhar na cultura, iniciou a maior obra de restauro da parte interna da Catedral Metropolitana de Maceió, redescobrindo o grande acervo de pinturas até então desconhecidas, supostamente do Século XIX, que estavam encobertas por diversas camadas de tintas. Concluiu a restauração dos altares de Nossa Senhora dos Prazeres – titular da Catedral, padroeira da Cidade e da Arquidiocese de Maceió; de Nossa Senhora das Vitórias; do Sagrado Coração de Jesus; a Capela do Santíssimo Sacramento, deixando em andamento o altar de Nossa Senhora do Carmo. Tal redescoberta, pelo processo de restauro, é um grande legado para o patrimônio cultural das Alagoas.  Sempre um entusiasta com esta restauração, assegurou por diversas vezes Dom Antônio: “É a conservação de uma história, da sensibilidade religiosa de um povo”.

Impulsionada pela oração, a Igreja de Maceió tem obedecido ao mandato missionário de Jesus: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (cf. Mt 28, 19) levando o Evangelho de Jesus Cristo aos vastos campos da Arquidiocese, seja na capital ou no interior, de maneira que mais pessoas possam ter o conhecimento de Jesus Cristo. Ressalte-se aqui que Dom Antônio fez ecoar a experiência da missionariedade da Igreja ao convocar as Santas Missões Populares, um projeto dinâmico que colocou os arquidiocesanos em constante saída, atendendo aos apelos do Papa Francisco: “Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho”. (Evangelii Gaudium, 20). Desta experiência de colocar todo o território da Arquidiocese em missão, foram criadas por ele 40 novas paróquias ao longo desses 17 anos.

Ainda no âmbito missionário, aumentou o número de vocacionados ao sacerdócio; criou o Seminário Menor e Propedêutico São João XXIII; restaurou, recentemente, parte do prédio interno mais que centenário do Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora da Assunção; ampliou o número de sacerdotes, 45 ao longo dos 17 anos – sendo 35 ordenados por ele mesmo e 10 ordenados por outros bispos, porém em seu governo pastoral. Ordenou 12 diáconos permanentes e, recentemente, 07 diáconos transitórios, sendo 02 ordenados por ele e 05 ordenados por Dom Genival Saraiva de França. Em 2009, sagrou bispo um filho do Clero de Maceió, Dom Henrique Soares da Costa.

Como frutos da oração e da missão, resulta o ser Igreja Samaritana na atenção e assistência aos pobres e aos que precisam de apoio, como os que se encontram em processo de recuperação por causa dos vícios. É fato que o braço samaritano da Igreja de Maceió expandiu-se bastante no pastoreio de Dom Antônio, convocando a todos para estarem atentos as palavras de Jesus: “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim […] todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 35-40).

Muitas foram as ações sociais: ampliação dos serviços assistenciais do Juvenópolis, em Bebedouro; vinda da Fazenda da Esperança para Marechal Deodoro; criação da Casa Bethânia, no Benedito Bentes; instalação da Comunidade Terapêutica São Luís e Santa Zélia Martin, no Assentamento Flor do Bosque, em Messias; além da reforma da Casa do Pobre, no Vergel do Lago. Tudo isso com um único objetivo: cuidar do ser humano vendo em cada um a face de Jesus Cristo, devolvendo-lhes a dignidade do ser pessoa. É interessante notar que alguns dos que se recuperaram dos vícios foram capacitados para as artes e estão contribuindo na restauração da Catedral Metropolitana, o que faz lembrar que em cada ser humano há sempre um dom, que pode ser despertado e colocado à serviço da comunidade. Uma das palavras de Dom Antônio tem sido: “Quando olhamos para o restauro da Catedral em que os artistas trabalham paulatinamente com um bisturi, para ir retirando as camadas de tintas e assim descobrir a beleza de uma arte que estava escondida, assim é também no processo terapêutico. No início é muito devagar, doloroso, como se fosse a retirada das camadas com um bisturi, mas logo em seguida vem a contemplação do belo que muitas vezes está escondido no interior do coração. Por isso, ninguém é um caso perdido, há sempre esperança”.

Diante destas e de tantas outras missões que as páginas deste jornal não comportariam para descrevê-las minunciosamente, resultantes do fecundo pastoreio de Dom Antônio Muniz Fernandes, ao longo desses mais de 17 anos, resta reconhecer que a Igreja de Maceió em seu pastoreio trilhou, de fato, um percurso orante, missionário e samaritano. Por isso, a palavra é de profunda gratidão, cujos frutos já são colhidos e que se colherão muito mais ao longo do tempo.

Por fim, vale dizer quão a Igreja é guiada pelo Espírito Santo, que gera a unidade e a comunhão, vivendo uma profunda experiência sinodal, pois o novo arcebispo, Dom Carlos Alberto Breis Pereira, da Ordem dos Frades Menores, a quem todos dão as boas-vindas e acolhem alegremente, já em seu pronunciamento para a imprensa local reconheceu o rosto orante, missionário e samaritano da Igreja particular de Maceió. Em tudo, permanece a grande certeza: a Igreja é de Cristo e seus pastores, o de ontem e o de agora, são sinais do seu amor por todos os arquidiocesanos que aqui peregrinam rumo ao Céu!

ANEXOS

Paróquias criadas por Dom Antônio Muniz Fernandes – Clique aqui

Padres e Diáconos ordenados por Dom Antônio Muniz Fernandes e por outros bispos durante seu governo – Clique aqui

Pe. Luiz Antônio de Araújo Guimarães

Administrador paroquial de Passo de Camaragibe e membro da Academia Maceioense de Letras e da Academia Alagoana de Cultura

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