Bispos alertam sobre os perigos que ameaçam a vida em abertura da CF 2020 do Regional NE2 em Maceió

Foto: Carolina Alencar/ Pascom Arquidiocesana

Marcos Filipe Sousa/ Pascom Arquidiocesana

O Regional Nordeste 2 da CNBB realizou a sua abertura oficial da Campanha da Fraternidade nesta última sexta-feira (28) na capital alagoana, reunindo centenas de pessoas em um seminário que alertou sobre os perigos que ameaçam a vida. Os bispos ressaltaram os perigos que existentes no cotidiano que passam despercebidos pela maioria das pessoas.

Este ano, a CF tem como tema “Fraternidade e vida: dom e compromisso” e lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34). Portanto, inspirada na parábola do Bom Samaritano e na vida da primeira santa brasileira, santa Dulce dos Pobres, a Igreja Católica quer estimular a caridade e o cuidado com a vida.

Dom Paulo Jackson, bispo de Garanhuns e presidente do regional, falou sobre a importância do tema, em uma época onde a vida se tornou banalizada. “A Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema Fraternidade e Vida, dom e compromisso. E a Igreja pretende com esse tema, focar em alguns aspectos, como a defesa à natureza, a violência e a banalização da vida e da violência no Brasil”.

O presidente do regional refletiu sobre o tema proposto pela Igreja no Brasil. “A Igreja não quer chamar somente a atenção dos cristãos católicos, mas de todos os homens e mulheres de boa vontade para a temática da compaixão. O tema é tirado do Evangelho de Lucas, a parábola do bom samaritano. Ele viu, sentiu compaixão e cuidou dele. Por um lado temos o desrespeito da banalização da vida, do outro lado a compaixão e a solidariedade. Essa é a grande temática, sensibilizar os corações para refletir sobre a grande temática da vida, mas, sobretudo a compaixão e a solidariedade para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade e risco”.

Foto: Carolina Alencar/ Pascom Arquidiocesana

Ele tocou em um assunto que está chamando a atenção dos bispos do regional, os altos números de suicídio e automutilação. “Temos feito visitas nas escolas, e encontramos centenas de jovens que estão se automutilando, perdendo o sentido da vida, com famílias fragmentadas, pais violentos. Um dia uma adolescente me disse: Dom Paulo. Estou com meu pai preso em Pesqueiras e minha mãe em Buíque. São duas cidades de Pernambuco. Como essa adolescente pode viver? Além dos casos de abusos. Eles estão dando esse grito silencioso na automutilação e dizendo para os pais, educadores, líderes religiosos: olhem para nós. Além das tentativas e realizações do suicídio. Essas devem ser umas das nossas preocupações na Campanha da Fraternidade deste ano”.

Dom Paulo Jackson deu exemplos de como valorizar a vida no cotidiano. “A gente percebe, por exemplo, nos últimos anos, especialmente nos dois últimos, muito agressividade, principalmente verbal, e nas redes sociais. Precisamos instalar processos de diálogo, liberar o perdão, como força de vida. O ódio e o rancor não são forças construtivas. Segundo, desengatilhar a agressividade. No trânsito, por exemplo, quanta agressividade, palavrões, gestos; dentro de casa entre a família, a falta de respeito ao outro. E pensar de forma macro também. O país vive uma crise econômica com milhões de desempregados, onde famílias passam fome e não tem o que comer”.

E completou dizendo que a esperança está em pequenas atitudes do cotidiano. “A retomada do trabalho voluntariado, ações comunitárias que gerem vida”.

Arcebispo de Maceió falou da alegria em sediar o evento no ano do Centenário

Era nítida a alegria de Dom Antônio Muniz, arcebispo metropolitano de Maceió, em sediar a abertura este ano, onde a Igreja celebra os 100 anos de elevação à Arquidiocese.

“No dia 27 de agosto, os bispos estarão aqui novamente junto com o Núncio Apostólico, nesse encerramento do nosso Centenário. Então tudo isso, é uma forma de se solidarizar, de viver a colegialidade para com a nossa Arquidiocese. Estamos participando deste momento, e logo depois na Catedral para a Celebração Eucarística, fazendo parte das comemorações do Centenário”.

Seminário falou sobre as doenças que estão ferindo as almas das pessoas

O professor Anderson de Alencar Menezes destacou as feridas que machucam a sociedade atual. “Temos três grandes chagas do nosso tempo, o suicídio, a desigualdade da distribuição de renda e a ausência de sensibilidade moral”.

Foto: Carolina Alencar/ Pascom Arquidiocesana

Para ele, vivemos em uma sociedade “liquida” onde os laços estão sendo banalizados. “Vivemos um canibalismo verbal com a falência do diálogo, criando instabilidade emocional, onde as pessoas se compreendem de forma superficial”.

E sobre o cuidado com a natureza, lembrou o egoísmo que a humanidade possui. “Não temos que nos preocupar apenas com o presente, mas com as gerações futuras”.

Já o psicólogo Júnior Amaranto explanou sobre os “cárceres privados” existentes em cada individuo, abordando a depressão como a doença em 2020 que mais atingirá pessoas no mundo. “Ter depressão não é frescura, nem falta de Deus. É uma doença que precisa ser tratada”

O profissional lembrou que jovens procuram as drogas como forma de anestesiar as suas vidas e que diálogo que a demonstração de afeto é a principal arma contra isso.

Foto: Carolina Alencar/ Pascom Arquidiocesana
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