Evento foi retomado na última sexta-feira, 18, após intervalo de quatro anos devido à pandemia da Covid-19
Por Lara Tapety Pontes Cavalcanti | Ascom CPT
Com objetivo de arrecadar fundos para projetos sociais e ações missionárias da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no estado de Alagoas, a associação Pachamama realizou, na última sexta-feira, 18 de agosto, o 8º Jantar Solidário Italiano. O evento ocorreu no Centro Social da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Alagoas (Fetag/AL), em Maceió.
Na apresentação sobre o intuito do jantar, o coordenador nacional da CPT, Carlos Lima, explicou que os integrantes da organização sem fins lucrativos fundada na cidade de Torino (Itália) atuam para captar recursos para o combate à fome através do apoio às comunidades camponesas para a produção de alimentos e a conquista da autonomia delas. Entre os projetos apoiados pela Pachamama estão a construção de casas de farinha, viveiros de mudas de plantas e fogões ecológicos.
“Vir para essa janta é também um compromisso com aqueles que não tem o que comer. Hoje eu só lembrava de uma oração antiga da Igreja Católica que diz: ‘Senhor, dai pão a quem tem fome. E fome de justiça a quem tem pão’. Falta isso no nosso país”, disse Carlos.
O jantar genuinamente italiano ocorre desde 2010 na capital alagoana. A última edição ocorreu em agosto de 2019. No ano seguinte, o coronavírus tomou conta do mundo, o que impossibilitou a realização do evento nos anos seguintes.
“Fazia quatro anos que não acontecia a janta italiana aqui em Maceió, que já era uma tradição, então fico muito feliz em ver que muitas pessoas decidiram participar”, falou Omar Bório, presidente da Pachamama Onlus. Ele espera que o evento possa servir para que as pessoas também decidam fazer uma pequena parte para ajudar os outros.
“Quem vê as camisas que os nossos voluntários estão usando com a logomarca de Pachamama, vê que atrás tem uma escrita em italiano que é ‘è dolce aiutare gli altri’, que significa é doce ajudar aos outros. Nós pensamos isso”, explicou Omar. Após seu testemunho, foi exibido um vídeo sobre o projeto Fogões Ecológicos.
O evento contou com a participação de mais de 120 pessoas. Amigos e amigas; religiosos e religiosas; parceiros de movimentos sociais, de sindicatos, da CUT; professores, jornalistas, políticos e um grupo de italianos da associação Amici di Joaquim Gomes marcaram presença.
O padre Manoel José dos Santos ficou feliz com a retomada do jantar de solidariedade. “Num tempo em que a gente vive um momento de muito egoísmo e de individualismo, é muito importante esse gesto de partilhar”, disse. O pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo, no conjunto Salvador Lyra, ressaltou que o gesto deve ser repetido mais vezes durante o ano e ser um aprendizado no cotidiano da vida.
“O que se vive hoje aqui é aquilo que a gente quer que aconteça todos os dias na prática das nossas pastorais, da nossa comunidade e na vida do nosso povo: ter o pão repartido chegue em todas as mesas e que não falte o pão na mesa de ninguém”, falou Pe. Manoel.
O deputado estadual em Alagoas, Ronaldo Medeiros, fez a observação de que a união de diversos segmentos no mesmo espaço mostra que o apoio ao povo Sem Terra não vem apenas da sociedade brasileira como, também, de pessoas de outro país, de outro continente, que acreditam na causa da Reforma Agrária.
“Eu me sinto muito feliz em apoiar e estar presente. É a terceira vez que eu participo desse evento. Quero que venham mais eventos e que esse clima que nós estamos vendo aqui permaneça e tenha a participação de mais pessoas”, afirmou o parlamentar.
Débora Nunes, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), comentou que a retomada da janta solidária é simbólica no momento que vivemos no Brasil.
“Reunir amigos e parceiros nesse jantar traz essa simbologia do quanto é importante a solidariedade para o fortalecimento das organizações e da luta para que a gente possa continuar cumprindo a tarefa de produzir alimentos saudáveis no campo alagoano e brasileiro”, avaliou Débora Nunes.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e diversos sindicatos de sua base participam do Jantar Solidário desde a primeira realização. “É honra para a CUT estar participando junto dos companheiros que são parceiros históricos na luta do dia a dia na defesa da reforma agrária, do meio ambiente e do bem viver do povo alagoano. Que outras edições continuem! Nós vamos estar juntos sempre”, comentou Luciano da Silva Santos, dirigente da central sindical.
O evento contou, ainda, com pessoas que marcam presença desde a primeira edição, a exemplo do procurador do Estado, Cláudio Acioli: “Eu venho para esse jantar há 8 anos. Sou uma pessoa que abraça essa causa do movimento, porque conheço o trabalho da CPT e o esforço que o Omar faz na Itália em prol do povo Sem Terra”, declarou. Cláudio lembrou que, além da Pachamama, também estavam ali as irmãs italianas que trabalham há 40 anos em Alagoas para ajudar garotos em situação de rua e que usam drogas.
No cardápio desta 8ª edição, duas entradas (“bruschetta” e “vitello tonnato”), prato principal (“spaghetti al ragù bolognese”) e sobremesa (“panna cotta”). Além das refeições, houve música ao vivo com o cantor Guilla Gomes, tocando o melhor da MPB, forró, samba e soul.
Para que o 8º Jantar Solidário Italiano acontecesse, a Pachamama e a CPT contaram com o envolvimento de integrantes da associação, como os italianos Omar Borio e Fede Mata; da equipe da Pastoral, de parceiros prestadores de serviço; e do apoio da Fetag/AL, a quem a CPT agradece por ceder o espaço.